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Sento no balcão de uma padaria, com Tai Kawasaki, e peço:

07/09/2025
Postado por: Murilo Moreno

- Quero um pão doce com café.

A atendente me entrega um pão e, rapidamente, se vira de costas. Na hora que vejo, está me servindo um expresso.

- Você não tem coado?

Ela me olha estranho e volta com um, numa xícara pequena.

- Mas eu queria uma xícara grande...

Me olha estranho, de novo, e some mais uma vez. Finalmente, me entrega meu pedido. E complementa, bem lentamente, como que explicando pra uma criança:

- Olha... da próxima vez que você vier aqui... pede tudo de uma vez... sabe? Fala assim... eu queria um café, coado, numa xícara grande... é melhor e mais fácil...

Agradeço o conselho e mudo de assunto com Tai. Na saída, nós dois começamos a rir da situação.

Talvez você não concorde, mas esse atendimento é a inversão do que poderia esperar de um bom atendimento. Pior que o que aconteceu é normalíssimo. A atendente me serviu o que ela achou que eu estava pedindo. Ouviu "Quero café" e entendeu "Quero café expresso, simples". Decidiu o pedido pela preferência dela, não do consumidor que estava na sua frente. Mesmo no segundo pedido, continuo usando seu julgamento e não o desejo do cliente.

Pra deixar mais bizarro, transferiu pra quem está comprando a função de explicar o pedido no detalhe, como se o consumidor tivesse obrigação de saber todas as opções que a padaria oferece.

"Mas Murilo, é só um café com pão... deixa de ser chato..." Interessante isso. Se o vendedor pode errar num pedido tão simples, imagine nos mais complexos. Tenho visto muito, no mercado automotivo, vendedores que não oferecem modelos mais caros porque acreditam que o cliente não vai querer, ou porque, como uma mãe Dináh, já sabe o que ele precisa só de olhar pra cara dele.

Venda é tão mais eficaz quanto mais consultiva for. Entender a necessidade ou desejo do consumidor é o primeiro passo pra ter sucesso na profissão. Seja um simples café, seja um carro de milhares de reais.

O único ponto em favor da atendente é que o pedido do Tai veio todo certo. Sem que ele precisasse falar mais nada. Acho que o problema sou eu...

 

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Postado por: Tai Kawasaki
No início do ano, a Fenabrave projetava um crescimento de 5% para o mercado automotivo em 2025, em comparação com 2024.

Porém, em uma revisão recente, a entidade reduziu essa estimativa.

A nova previsão aponta para 2,559 milhões de unidades, o que representa um crescimento de apenas 3%.

Como já era esperado, 2025 está sendo um ano desafiador, marcado por crédito caro e escasso, fatores que inevitavelmente impactam o ritmo das vendas.

Além disso, a Toyota foi afetada por um desastre natural, o que também influenciou negativamente o desempenho do mercado.

Por outro lado, as marcas chinesas seguem em expansão na comparação com o mesmo período de 2024:

BYD: +49%
GWM: +31%
CAOA CHERY: +11%

O avanço de BYD e GWM é impulsionado principalmente pelos produtos no segmento de híbridos, reforçando uma tendência que venho destacando de que o crescimento dos híbridos será mais consistente e acelerado do que o dos elétricos puros.

15/10/2025
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Postado por: Murilo Moreno
Ele ficou no ar pelo menos nove anos.

Saiu em 2020, quando já havia se transformado num personagem de desenho animado, que encerrava os comerciais. Estou falando daquele matuto que, nos comerciais da hashtag#Ipiranga, sempre respondia "Lá no posto Ipiranga..." A campanha fez tanto sucesso que o bordão virou sinônimo de um lugar que tem solução pra tudo.

Veio o Paulo Guedes, o ministro, e o apelido de posto ipiranga pegou. Também, né, pra toda pergunta que a imprensa fazia pro presidente Bolsonaro, a resposta era sempre "É com o Paulo Guedes". Igualzinho o personagem do comercial. Coincidência ou não, entra o ministro, sai o personagem. Talvez a petroleira tenha querido evitar misturar propaganda e política.

Mas a política parece que gosta da Ipiranga. Com os escândalos da Faria Lima, onde vários postos foram pegos fazendo coisa errada, ela resolveu que era hora de reforçar a confiabilidade da sua marca. E aí, convocaram de novo o capiau. Que no comercial está de cabelos brancos mas, como ele mesmo diz, não ficou burro e continua confiando na empresa de sempre.

É difícil avaliar de longe, mas olhando as campanhas desses últimos cinco anos, com o slogan “Completa pra mim”, eu também tive saudades do velhinho. Os meus anos de Shell me ensinaram uma coisa: pouca gente gosta de ir a postos de gasolina. Até mesmo as lojas de conveniência têm um quê de negativo, pois são vistas como careiras. As pessoas escolhem o posto de preferência pela localização, facilidade, simpatia dos frentistas e por último, muito longe, a qualidade do combustível.

Tirando os produtos aditivados, pra maior parte das pessoas, “gasolina é tudo igual“. O maior medo é do combustível adulterado e, por isso, é tão importante confiar na hashtag#marca da petroleira. A figura conhecida do personagem passa credibilidade e confiança. O comercial em si não é tão engraçado assim, mas cumpre muito bem seu papel: dar conforto emocional a quem precisa abastecer seu carro.

Gostei do plot twist da Ipiranga. Agora é torcer pra que nenhum outro ministro ganhe o mesmo apelido…

14/10/2025
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Postado por: Murilo Moreno
Você conhece a lanchonete Patties?

Ou seria casa de hambúrgueres? Sei lá como chamar, mas sei que essa rede pequena, de quatro lojas físicas e três dark kitchens (aqueles locais que preparam lanches e pratos pra diversos restaurantes, que distribuem por delivery) é topetuda como um quê.

O dono, Henrique Azeredo, já fez acordos com vários concorrentes, pois trabalha o posicionamento de ser a casa do sanduíche tradicional, aqueles pequenos e simples feitos pelo McDonalds e outros pioneiros, quando apareceram nos anos de 1950. É como se fosse uma garantia de que o formato original não vai morrer.

De toda forma, o que me chama a atenção é o salto de fé que Henrique deu, ao sair de uma simples loja de bairro para um ponto 24 horas dentro do aeroporto mais movimentado do Brasil, o Aeroporto de Cumbica, em São Paulo. Se der certo, vai virar gente grande. Se der errado…

Eu já fui lá ajudar a construir o sucesso da Patties. E vamos continuar por aqui, comendo seus smashburgers e acompanhando suas aventuras…

14/10/2025
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Postado por: Murilo Moreno
Uma das boas coisas que aprendi na minha carreira de publicitário é que pesquisar faz bem.

Nos ensina a entender a vida e a tomar melhores decisões. Então, faço pesquisa em tudo, inclusive no LinkedIn.

Aproveitei a campanha do Rei Roberto Carlos, do Banco Mercantil, para testar títulos. Não é a primeira vez, mas os resultados me deixaram intrigados. O teste é simples: Será que o título aumenta a leitura? E o engajamento?

Três semanas atrás, soltei dois posts idênticos, mesmo texto, mesma foto, tudo....menos o título. Num, escrevi "O Banco do Rei". Foco no banco e na crença de que todos reconheceriam o cantor. No outro, "Roberto Carlos virou garoto propaganda", dando destaque na novidade de RC estar fazendo propaganda. Fora isso, 45 minutos de diferença de publicação.

Os resultados? O "Banco do Rei" foi melhor em tudo. Deu 23 mil visualizações contra 13 mil. 47% a mais de pessoas, mais que o dobro de comentários e um número pouco maior de compartilhamentos. Só que, quando vemos o engajamento por post, uma surpresa.

Falar do novo emprego do Roberto faz as pessoas se manifestarem mais, percentualmente falando. Os leitores do "Roberto Carlos virou garoto propaganda" compartilharam 50% mais. Ou seja, se envolveram tanto com o tema que quiseram fazer com que outras pessoas também conhecessem a nova trajetória do cantor.

Sei que o algoritmo muda de tempos em tempos. E que esse ser supremo é diferente de Rede Social para Rede Social. Mas o primeiro impulso ainda é humano. Somos nós que indicamos para ele o que queremos ver.

No fim, descubro que Roberto Carlos é um cantor que todo mundo reconhece. Mas que fofoca é, ainda, o principal motivo de engajamento da humanidade...

13/10/2025
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