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E não é que o Trump criou o imposto de importação sobre todos os carros estrangeiros?

27/03/2025
Postado por: Murilo Moreno

25% é muito, para um país que sempre pregou o livre comércio, mas ainda é menos do que os 35% que existem no Brasil. Pra piorar, não é somente sobre o produto final. Vale também para as peças, o que vai impactar, também, naqueles construídos dentro da fronteira americana. Será que ele pensou direito?

Posso estar redondamente enganado, mas para mim, o presidente dos Isteites sabe exatamente onde está indo. Todas as matérias que li a respeito destacam os problemas que esse novo imposto vai criar. Como quase metade dos carros vendidos no país são importados e 60% das peças dos carros feitos internamente vêm, também, de fora, esse ato vai gerar, rapidamente, inflação. Já é esperado um aumento de, no mínimo, U$ 3 mil por carro local. E o dobro, no importado. Estamos falando em algo próximo a 10%, já que o preço médio do carro americano é de U$ 47 mil.

Os alarmistas também lembram que, em contrapartida, todos os outros países devem começar a boicotar produtos "Made in USA". E que, mesmo que queiram, as montadoras americanas não irão conseguir suprir a demanda de novos carros locais, principalmente por falta de peças. Todos os argumentos são válidos, mas pode ter certeza que, se a gente sabe disso, o presidente também sabe.

Não estou pregando a favor do cabeleira de fogo. O que gostaria de chamar a atenção é que estamos indo para um caminho sem volta que é o do protecionismo mundial. E não foi o Trump que começou, foi a pandemia.

Se você forçar a memória, vai se lembrar da crise dos semicondutores durante a quarentena gerada pela Covid. De repente, ficou todo mundo em casa, comprando mais e mais eletrônicos, e as fábricas não deram contas. Todo mundo sofreu, principalmente a Indústria Automotiva. Ali começou a percepção dos líderes políticos de que estamos todos cada vez mais dependentes de todo mundo, principalmente da China. Se alguém decide não fornecer algum produto estratégico, o mundo para. Aí entram as iniciativas protecionistas, que estão aparecendo aos poucos. Não foi o Biden que inventou o imposto de 100% para os carros chineses? Isso já não era uma barreira?

Creio que vem aí uma Guerra de Impostos. Mas, mais do que isso, vem aí uma política de produção interna, pra garantir a não dependência. Uma estratégia dessa não é de curto prazo. Acredito que Trump pensa que a inflação vale a pena, desde que a indústria nacional passe a ser livre de esperar fornecimento de outros países.

Essa briga está só começando...

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Postado por: Murilo Moreno
Recebo uma mensagem do meu amigo Hamilton Leão com o novo comercial da Jeep.

Novo comercial da Jeep (CLIQUE AQUI). "O que você acha?" Pergunta direta, resposta simples. Creio que um raio não cai no mesmo lugar duas vezes. E essa é mais uma campanha com a série The Last of Us. Não pode ser coincidência.

Semana passada, Nubank colocou no ar sua versão do mesmo tema. Um vídeo com o ator Antônio Fagundes, que é fã da série, se preparando pra viver um dos personagens. Tudo isso pra anunciar seu programa de Fidelidade, o Nubank+. Agora Jeep. Se você ainda não percebeu, 30 segundos já eram.

O bichinho do marketing que mora dentro de mim vive me repetindo que a propaganda mudou. Os formatos tradicionais ainda estão por ai, mas cada vez mais enfraquecidos. Uma grande parte do dinheiro dos anunciantes migrou para os influencers que, mesmo com pouca audiência, têm um poder de convencimento muito superior a muito comercial. Outra parte está migrando para os curtametragens das marcas, que trocam a veiculação paga pelo interesse do consumidor em compartilhar conteúdos.

Agora, parece que outra tendência está surgindo. São os veículos de comunicação propondo parcerias, não para ganhar dinheiro, mas para ganhar exposição. Os dois exemplos de The Last of Us criam expectativa para o lançamento da segunda temporada. Não é a série gerando reconhecimento de marca. É a marca gerando reconhecimento da série. Teoricamente, todos ganham.

No fundo, o que essa inversão nos mostra é que a propaganda tem se tornado menos uma interrupção e mais um entretenimento. Isso a gente já sabia, há muito se fala das empresas virarem conteúdo. Só que, com a proliferação de streamings e séries, furar o mar de novidades e chamar a atenção tem se tornado cada vez mais difícil. E aí que entra a criatividade.

Onde vai parar? Não sei. Só sei que toda fórmula, repetida à exaustão, para de funcionar. Então, pode apostar, vem mais novidade por aí. Pelo bem, ou pelo mal.

16/04/2025
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Postado por: Murilo Moreno
Se tem uma coisa que você pode ter certeza é que ninguém fica muito tempo sozinho ganhando dinheiro em qualquer mercado.

Se tem uma coisa que você pode ter certeza é que ninguém fica muito tempo sozinho ganhando dinheiro em qualquer mercado, sem que um concorrente apareça pra morder um pedacinho do sucesso. Parece que esse é o caso do Ifood, dono de 80% do serviço de entregas de comida aqui em Terra Brasilis.

A empresa é impressionante. Matou a Rappi e o Uber Eats. Tem mais de 100 milhões de entregas diárias e 55 milhões de clientes em todo o país. Ou seja, um em cada quatro brasileiros já se cadastrou no aplicativo. Fatura 8 bilhões de reais por mês em mais de mil e quinhentas cidades. Tudo nela é superlativo.

De olho nisso, a Meituan, versão chinesa de aplicativo de delivery, resolveu se instalar desse lado do Atlântico. Ela tem 200 milhões de clientes, que pedem 300 milhões de entregas por ano. Não ache que isso é muito. Pelo jeito, o chinês pede menos entrega que o brasileiro, pois as 100 milhões de deliveries diários do iFood representariam 36 bilhões de entregas anuais. Só que a Meituan é banco, transporte e agência de turismo virtual, tudo num lugar só. E, com isso, seu faturamento final bateu mais de U$ 46 bilhões em 2024. É muito mais do que os R$ 10 bilhões da empresa brasileira.

Com certeza, iFood está mais do que preparada para a chegada de qualquer concorrente. E, junto com a Meituan, deve voltar a 99food, que tem se aventurado em novos mercados, como o de transporte de mercadorias.

Como gosto de dizer, adoro essas aulas de marketing ao vivo. E num momento em que as tarifas do moço de cabelo de fogo tem deixado os mercados agitados, essa lição do mercado de deliveries, com os chineses chegando, é importante pra saber o que vem por aí.

15/04/2025
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Postado por: Murilo Moreno
Leio na Meio e Mensagem que a Scopen acaba de divulgar uma pesquisa que analisa quais são as características de um bom anunciante, segundo as agências de propaganda.

E o que mais me chamou a atenção foi que entre nove características, a que menos importa é o tamanho da verba. Somente 15% dos entrevistados responderam que dinheiro conta. Só que entre os 10 anunciantes indicados como os melhores do mercado, 10 podem ser considerados empresas que investem bastante.

Isso é interessante: lembro que nas pesquisas que já vi sobre motivos de escolha de um produto ou serviço, em todas elas o preço nunca está em primeiro lugar entre os motivos para se escolher uma marca. Então dinheiro não conta? Não acho que seja essa a questão. O preço, ou a verba no caso das agências, é um fator de eliminação. Quando alguém resolve comprar um produto, primeiro olha pro bolso, depois encontra os motivos pelos quais vai escolher o produto A ou o produto B.

No caso das agências, talvez o perfil das entrevistadas já direcione para grandes contas. Mas quem tem mais verba normalmente consegue contratar melhores profissionais. O que se refletiria num briefing melhor, numa relação de respeito a prazos, até na preocupação em manter a agência satisfeita.

No estudo, as duas características mais indicadas foram relacionamento de longo prazo e remuneração adequada. São mais citadas do que criatividade, o que indica uma visão centrada na agência, e não nos resultados do anunciante. Apesar de trabalharem falando da importância do consumidor o tempo todo, quando têm que definir quais as boas características de bom cliente, a visão é voltada para a própria satisfação. Estranho isso…

Como alguém que já esteve nos dois lados da mesa, digo que todos os pontos podem ser aplicados para a escolha de agência também. Trocando uma ou outra palavra, como por exemplo, briefing por debriefing, que é o momento em que a agência explica o que entendeu do pedido original, as preocupações do cliente são iguais aos da agência. Repito muito para os meus alunos que não existe agência boa sem que o cliente também seja bom, que cada cliente tem a agência que merece.

Fazer comunicação é uma das tarefas mais coletivas que conheço. O criativo que sobe no palco para receber um prêmio, está ali porque o cliente apostou na ideia e investiu dinheiro para colocá-la na rua. Então, quando leio todas as características de uma boa agência, vejo as características de um bom casamento.

Como diz o ditado, quando um não quer, dois não brigam. Não existe um bom trabalho seu esforço de todos os envolvidos.

14/04/2025
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Postado por: Murilo Moreno
Quase 450 pessoas estavam na fila de espera, nesta última quinta, aguardando ansiosamente a abertura da nova loja de Harry Potter, em Chicago.

Não é que ela fosse abrir somente um dia ou uma semana. É uma loja, que nem Magazine Luiza, ou qualquer outra dessas de shopping. Mas Harry é um bruxo. E tudo que gira em torno dele se transforma, num passe de mágica.

Ser um dos primeiros a entrar na loja não tem valor nenhum, a não ser emocional. A blusa bordada com o nome de uma das Casas de Hogwarts, ou a cerveja de manteiga, que Harry toma na Pousada Três Vassouras, tudo vai estar lá na próxima semana. E na próxima. E na próxima. Mas fã é fã. E poder falar que foi um dos primeiros é o que chamamos de benefício de auto-expressão: mostra pro mundo quem você é de verdade. Serve pra objetos de luxo, pra automóveis, roupas e até pra experiências.

Harry Potter tem todo o potencial pra virar uma nova Disney. Pra mim, é uma franquia até mais forte do que Star Wars. Mas que corre o risco de envelhecer com quem leu os livros e viu os filmes. Ela é uma aventura das pessoas da Geração Z, que hoje estão nos seus 30 anos e com dinheiro no bolso pra gastar. Criar novidades, como novas atrações nos parques e essas lojas temáticas é tudo o que a Universal quer fazer para tirar mais leite da história. Falta lançar novos filmes, séries e desenhos animados, pra rejuvenescer a audiência.

O bichinho do marketing que vive dentro de mim vive repetindo que o futuro do varejo é a criação de experiência. E não tem gente melhor pra comprar experiência do que os fãs. Eu mesmo sou um exemplo típico de onde chega esse fanatismo. Adoro StarTrek e dentro da minha mochila, que viaja comigo pra tudo quanto é lado, vive uma revista do tema. Porque, eu não sei. Já li toda ela e agora está lá só pra me acalmar a ânsia de estar perto dos capitães e naves estelares da série.

No fundo, deveríamos fazer isso com nosso consumidor, esse ser insensível. Transformá-lo num fã, num defensor, num verdadeiro tarado, que fica horas e hora na fila pra ser um dos primeiros a ter o prazer de fazer negócios com a gente. Desse jeito, você não vende mais. É ele que lhe compra.

14/04/2025
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