Ofereceu U$ 72 bilhões de dólares em dinheiro, mais ações. E ainda aceitou deixar de fora os canais de TV a cabo, que irão se transformar numa nova empresa. No fundo, parece mais uma simples fusão, mas mexeu com os ânimos do mercado cinematográfico dos Isteites.
A queridinha do mercado, a Skydance, queria fazer a segunda grande fusão do ano. Ela havia comprado a Paramount em agosto deste ano e, com isso, juntado Top Gun com Titanic. A empresa de 20 anos incompletos fundiu-se com o estúdio de 112 anos, prometendo manter o foco na indústria do cinema.
Agora, a líder do streaming passa a perna e oferece um valor imbatível pelas ações do Warner, prometendo deixar tudo do jeito que está. Cineastas, políticos e associações de classe abriram a boca contra o resultado. Medo de que a nova dona vire os canhões do estúdio e abandone os cinemas em favor das casas dos clientes. Faltaram observar que quem está fazendo isso são os consumidores.
Vamos combinar. É muito legal ver um filme na grande tela, mas nada substitui o conforto do nosso próprio lar. Ainda mais quando todo o conteúdo custa, por mês, menos do que um saco de pipoca no cinema mais próximo. Mas não nos enganemos. O objetivo de Netflix é manter o assinante preso. E, para isso, séries são melhores do que filmes, pois sempre duram mais de um mês.
Netflix já depende menos de Hollywood do que outros streamings. 50% do seu conteúdo é feito fora dos EUA, onde os custos são menores e a chance de agradar novos públicos é maior. Talvez esse perfil de produção seja uma reação ao aparecimento dos streamings dos estúdios, como Disney, Warner e Paramount. O risco desses concorrentes sumirem com os conteúdos deve ter levado a empresa a virar produtora. E se deu bem, com sucessos como Round 6 e Stranger Things. Agora essa aposta aumenta, já que vai virar dona de Batman, Super Homem, Harry Potter e outras tantas histórias que podem virar séries e continuações.
A compra ainda não está finalizada, depende de órgão reguladores americanos. E uma coisa que pesa contra Netflix é que ela vai virar dona de 43% do mercado. Vai ainda ter muita água passando debaixo da ponte.
Como dizem, o diabo está nos detalhes. E o que não falta nessa história são detalhes...

Todas, resultado de um carro defeituoso alugado na Movida. A proposta original da empresa? Que eu voltasse 100 km pra pegar outro carro. Sem nenhuma outra opção, de acordo com o SAC da empresa. E sem direito a falar na ouvidoria.
Descarreguei toda minha frustração num post, alguém na empresa leu e resolveu minha vida. Recebi no sábado um outro carro, sem ter que viajar toda a distância. Veio de guincho. Isso fez o Bichinho de Marketing que vive dentro de mim trabalhar incessantemente os últimos dois dias das minhas mini férias.
Primeiro, fiquei me questionando qual serviço a Movida vende. Creio que ninguém entra numa locadora para alugar um carro. Vamos atrás de hashtag#mobilidade. Se o carro pára por questões técnicas, não é problema do consumidor. A empresa assumir que o cliente precisa voltar na loja para substituir o carro defeituoso deixa claro que sua visão é de vender aluguel de automóveis. Esse é um ponto importante, pois altera completamente a visão de como a empresa deve trabalhar.
A segunda questão é talvez mais fundamental: o poder de resolver problemas dos clientes saiu das mãos das empresas. E foi para as redes sociais. Explico melhor: no passado mais distante, o vendedor era o responsável por lidar com os problemas que os consumidores pudessem ter com suas compras. Esse poder foi transferido para o serviços de atendimento ao cliente, os famosos SAC’s. Só que, com os cortes de custos e as automações digitais, as empresas delegaram a solução de qualquer questão às máquinas. Nem sempre bem treinadas.
E aí apareceram as redes sociais, dando voz ao consumidor. Um post, uma foto em qualquer rede, hoje tem mais força do que qualquer Ouvidoria. O grande problema é que tratar um problema que o consumidor tenha somente quando chega neste ponto é lidar com pequenas crises de imagem. É trocar o custo visível da mão de obra pelo custo invisível da imagem arranhada. Fica mais caro. Muito mais caro…
O terceiro ponto é que ainda existem empresas ágeis em buscar uma solução para o cliente. Problemas todas vão ter. Ganha o jogo aquelas que corrigem a rota o mais rápido possível. E a velocidade da locadora mostra porque se tornou o que é em tão pouco tempo.
Obrigado Movida. Meu bichinho do marketing voltou feliz das férias com as lições aprendidas.

Spotify enlouqueceu... adoro Pink Floyd, sou roqueiro! Mas, pensando bem, até que essa música é boa... tá bom... ouvi mesmo. E daí? Vou pro inferno dos roqueiros? Ouvindo sertanejo e funk o dia inteiro?
Isso tudo me passou na cabeça quando vi minha lista das músicas mais ouvidas neste ano, no Spotify. Adoro esse momento do ano. Sempre me achei um roqueiro, quase um metaleiro, pra ver que o único grupo de rock que ouço é o Pink Floyd. Quer dizer, tem Dire Straits também, Supertramp e... Michel Bublé. E Raça Negra. E Victor e Leo. Ou seja, Bella está certa quando fala que sou uma bagunça em termos de gosto musical. Ouvi 1239 músicas de 603 artistas. Duas por cantor... de todo tipo de música...
Spotify sempre me lembra, no final do ano, que não me conheço de verdade. Que não sou tão inteligente ou tão focado quando acredito que sou. Engraçado isso. A gente cria uma imagem de nós mesmos e só vemos aquilo que nos interessa. Aumentamos nossas qualidades e escondemos debaixo do tapete nossos defeitos. Se você não é assim, parabéns. Eu sou.
O Google Maps já me mostrou que passo a maior parte do tempo indo e vindo num raio de menos de 10 quilômetros de casa. Meu mundo se resume a uma bola menor do que duas pistas de aeroporto internacional. A Amazon conhece melhor meu gosto por livros do que eu mesmo. Acho que quero ler os clássicos literários e ele me cospe na cara que adoro auto-ajuda.
E estamos só na infância das análise de dados. Agora, com a Inteligência Social, daqui a pouco as empresas vão saber definir os nossos gostos futuros, de acordo com o nosso envelhecimento. Faz sentido aos 18 eu gostar de Pink Floyd e agora, um pouco mais velho (ou muuuuito mais velho), preferir Roberto Carlos. Eu não poderia prever isso. A IA pode.
O único ponto que me conforta é que, considerando todas as músicas, o número um na minha lista voltou a ser o grupo roqueiro. Seguido de Nando Reis, Marisa Monte e Milton Nascimento. Olhado por essa ângulo, até que o Spotify conhece os meus gostos.
Vou ali ouvir Anitta...

Aluguei um VW Polo, em Floripa, e vim pra Praia dos Rosas. Exatos 100 kms. Tudo certo com a viagem e com o carro. No dia seguinte, vou ligá-lo e nada de dar a partida. Parece bateria. Telefono pra Movida e eles mandam um reboque. Diagnóstico do motorista? Bateria mesmo. Só que na hora que vai abrir o capô, não destrava. O cabo deve ter se rompido. O motorista diz que vai levar o Polo embora e eu, inocente, telefono pra locadora pra saber quando recebo novo carro pra substituir o rebocado.
- O senhor precisa voltar na loja pra pegar outro carro... me diz o atendente, na maior tranquilidade. Está no contrato...
- Meu amigo, estou a cem quilômetros da loja. Como faço? Aluguei pra curtir as férias. Agora você quer que eu pegue um táxi, viaje de volta pro aeroporto, pegue outro carro e volte? Quer que eu perca os poucos dias das minhas férias?
- Não senhor. Só estou lhe falando qual é o procedimento...
Peço pra falar com alguém que resolva o meu problema, ele pede um segundo e volta e diz:
- Falei com meu supervisor e é isso mesmo. O senhor precisa voltar na loja ou falar na ouvidoria.
Peço o telefone da hashtag#ouvidoria, só pra passar mais raiva. Ligo e, depois de uma longa lista de opções da URA, descubro que não existe opção de ouvidoria no telefone da... ouvidoria. Sinto que estou correndo atrás do meu próprio rabo, pois a empresa não está preparada pra resolver o problema do consumidor. Satisfação não deve existir no dicionário da locadora.
O que me espanta é que esse tipo de problema faz parte do negócio da Movida. E, portanto, do custo do serviço que comercializam. Mas alguém lá dentro deve ter decidido que o impacto da insatisfação é menor do que o custo de mandar um outro carro pra substituir o anterior, defeituoso.
Volto pra praia, desesperançoso. Ainda somos um país longe de atender bem o cliente.
PS - depois do post, parece que teremos um bom desfecho neste história. Mas isso é assunto pra outro post…

Na verdade, o carro não era meu, mas de um amigo que foi me buscar no aeroporto de Floripa. Um BYD Seal. Ele parou, desceu, colocamos as malas no portamalas, apertei o botão do fechamento elétrico, a tampa fechou e... tranquei o carro com a chave dentro. Simples assim. Como saiu do carro sem o celular, e apertei o botão errado, fechei tudo e ficamos de fora. Bella, ele e eu.
Vale uma explicação: todos os carros chineses têm um aplicativo para celular que funciona como chave. Você baixa, cadastra seu modelo e controla tudo por ali, inclusive abrir e fechar as portas. Ótima solução, desde que você não deixe seu aparelho no carro e aperte o botão do portamalas... Do outro lado, fácil entender o pensamento do carro. Se a "chave" está dentro, então ele pode se trancar, pois o dono deve estar junto.
Só que, do lado de fora, bateu o desespero. O BYD estava parado no desembarque, carros indo e vindo, e ele lá, preto, imponente e trancado, como se o proprietário se achasse o dono do mundo.
Bella e meu amigo foram atrás de ajuda do aeroporto. Fiquei do lado do carro, pra evitar que qualquer guardinha chegasse querendo rebocar o carro. Ao mesmo tempo, tentando falar com o povo da montadora, pra ver se tinha um jeito mágico de abrir o carro à distância.
De repente, meu amigo chega sorridente, segurando o iPhone da Bella e dá um toque na tela. O carro, como um passe de mágica, abriu! Ele simplesmente, depois que o susto passou, lembrou de baixar o aplicativo da montadora em outro celular e voltou a ter controle nas mãos.
Fiquei impressionado. Já tranquei o carro com chave dentro, ná época que o único jeito de resolver era forçando o vidro. Péssima lembrança. Agora, com dois gestos, tudo resolvido.
Devo confessar que pensei em aposentar o dinomóvel que está na minha garagem e que tem somente chave presencial, aquela que de aproximar o carro funciona. Parecia moderno. Não parece mais.
Realmente, a disputa mudou de nível, e as montadoras tradicionais precisam correr atrás do prejuízo...
