Meu amigo Wanir Souza me faz uma pergunta interessante: O que acontecerá com o consumo de café e hambúrguer nos Isteites? Isso porque 33% do pó que eles consumem é brasileiro e 100% da carne que exportamos pro país do Trump é usado nas carnes dos sanduíches de lá. A resposta é super simples: O preço vai aumentar. Vem inflação por aí, e o americano médio vai pagar a conta.
O pó de café, no médio prazo, pode ser substituído. Tem Colômbia, Vietnam, no mínimo, pra mandar grãos pros americanos. Mas a qualidade do cafezinho vai cair. Já a carne é mais difícil de ser substituída. Produzir nos EUA é aumentar muito o custo, pois chega a ser duas vezes mais caro, fora as possíveis reclamações relacionadas ao meio ambiente.
Donald Trump pode ser tudo, menos bobo. Ele e seus assessores sabem das consequências, no curto prazo, de suas ações. Mas estão apostando nas mudanças, no longo prazo. Todas elas pretendem trazer um “equilíbrio” econômico. O argumento é que todos os países criam tarifas contra os produtos americanos e que eles não revidam. No fundo, o que pretendem é reconstruir a indústria local. Com a automação, talvez isso até seja possível.
O mundo não vai assistir passivo. O que vai gerar novas alianças e várias batalhas comerciais. No médio prazo, devem haver dois ganhadores: os americanos e os asiáticos. Canadá e México devem rapidamente alinhar com Trump. As exportações deles pro vizinho brigão gira em torno de 80%. Sem acordo, devem sofrer muito. E América Central e do Sul devem se beneficiar desses acordos.
Os Asiáticos devem se unir principalmente pela proximidade. China pode ser a líder desse segundo bloco, devido a sua importância econômica. Rússia e Índia poderiam seguir junto. A questão é Japão e Coreia do Sul, países americanizados nas suas economias.
O grande perdedor nessa luta toda seria a Europa. Desde o hashtag#Brexit, quando Inglaterra saiu do Mercado Comum Europeu, ficou claro que o alinhamento entre os países não é tão grande. E a reação não tem sido em grupo. Já tem empresa alemã paquerando o Trump e prometendo transformar seus produtos em “Made in USA”. São muitos interesses diferentes…
No final, o que estamos assistindo é a história acontecendo. Para o bem e para o mal.
Fonte da imagem: Instagram Donald Trump
Seriam oito, dez, não fosse um atraso no voo e a perda da conexão. Com isso ficou clara a diferença entre o atendimento correto e atencioso dos canadenses, versus o profissional (mas frio) dos americanos.
Já nos Isteites, um dia de compras no Outlet, antes de enfrentar os parques. Coisa de brasileiro, essa de ir às compras desesperadamente, quando em território americano. Mas o bichinho de marketing que vive dentro de mim adorou a oportunidade. Será que é mais barato? E o dólar a quase seis, será que vale a pena?
Minha maior curiosidade é entender de onde vem tanta mercadoria que é vendida nesses templos de perdição. Não dá pra acreditar que marcas boas errem tanto assim no planejamento de compras, a ponto de sobrar produto pra lotar suas imensas lojas. Pior ainda pensar que seriam peças com alguns pequenos defeitos. É assumir que a qualidade de produção, mesmo de marcas de luxo, é péssima.
Entro na Hugo Boss e pergunto pra um gerente qual a mágica.
- Simples. Por exemplo, o preço pra comprar um modelo específico de camisa pra nossas lojas é 100 dólares cada, se forem encomendadas 10 mil peças. Se forem 100 mil peças, o preço unitário cai pela metade. Aí, entram os outlets. Dá pra enviar as primeiras 10 mil pras lojas nobres. E, depois, as demais a gente ainda vende ganhando dinheiro. Fora que a gente atende os fãs que não teriam como comprar nossa marca.
Interessante o raciocínio. Considerando que a Boss tem 305 lojas nos Isteites, das quais 100 em outlets, o ganho seria imenso. O bichinho já ficou um pouco mais tranquilo.
Mas o que me impressiona mais é o paralelo entre atacarejo e Outlet que aparece na minha mente. Os dois formatos me parecem a mesma solução aplicada: Como trazer um modelo novo de comercialização que permita atrair o consumidor ávido por preço baixo? Os hipermercados viraram atacado que evoluíram para atacarejos. As lojas de marca transformaram-se em outlets. Pra evitar custos altos, os dois começaram em lugares fora das cidades. O preço é menor, mas o consumidor precisa ir atrás. E os dois acabam atraindo os concorrentes e, com isso, todo mundo acaba gerando um novo patamar de preços, mais baixo.
Talvez a compra online mate esses dois modelos, com o tempo. Até porque a ideia é igual: vender o mesmo, por um custo menor. Mas enquanto houver parques em Orlando e brasileiros, a existência dos outlets está garantida...
O mercado previa um crescimento de 5% e foi o que aconteceu.
Alguns destaques no mercado de eletrificados. A BYD continuou a crescer com +45% em comparação com o mesmo período de 2024. A GWM também cresceu +20%.
Na BYD, a maior contribuição foi de carros híbridos com +135%, sendo que os elétricos (BEVs) cresceram somente +4%. Lembro que 84% da venda de elétricos (BEVs) está concentrada em Dolphin e Mini Dolphin. Comprovando a tendência de uso urbano dos carros elétricos ou como o segundo carro da família.
O maior crescimento, tanto da BYD quanto da GWM, nos híbridos reforça a minha teoria de que os carros híbridos ainda prevalecerão em relação aos puramente elétricos.
A estratégia de praticamente todas as montadoras está direcionada ao reforço da tecnologia híbrida, seja ela HEV ou PHEV.
O segundo semestre tende a ser desafiador, com a taxa selic a 15% a.a., o mercado sentiu os fortes ventos contra e já lançou o programa de incentivos IPI verde. Pode ser que esse incentivo ajude as marcas nacionais nesse período.
Vamos acompanhar...
Aqui, dar um tapa é permitido desde 2017. O país foi o segundo a legalizar o consumo para recreação, cinco anos após o Uruguai, e antes de qualquer outro do Primeiro Mundo.
É impossível andar no centro e não cruzar com uma das lojas. Em Vancouver, a maior parte é privativa, mas existem estados em que todas são do governo. A sensação que se tem é que sempre tem alguém chapado por perto, pelo tanto que se cheira pelas ruas.
O bichinho do marketing que mora dentro de mim, mesmo ativo, custou a entender que a preferência é pelo uso do vape, aquele cigarro eletrônico. Não se vê fumaça no ar. Aliás, não se vê cigarro de nicotina em lugar nenhum. Na contramão, esse tipo de fumo tem sofrido cada vez mais restrições, desde as mensagens de que fumar faz mal, até ser proibido expor o produto no varejo.
Hoje, é mais fácil passar por um usuário de cannabis do que de nicotina. 17% dos canadenses fumam a erva do Bob Marley contra 11% dos que preferem o fomato tradicional e os 6% que gostam da versão eletrônica do mundo de Marlboro. Apesar do empate técnico, os formatos tradicionais faturam mais, pois são mais caros. A maconha democratiza o prazer!
Considerando que nicotina já foi usada como remédio e depois demonizada, é interessante ver a maconha fazendo o caminho contrário. Parto hoje do Canadá com a certeza de que a vida é um pêndulo.
A reação foi imediata, com o Primeiro Ministro declarando que seu país nunca perderia sua independência. Logo depois, em março, Trump criou tarifas contra os produtos importados do país vizinho. Ontem, ele criou a maior barreira alfandegária que nosso país já teve.
50% de taxa vai tirar a competitividade de muitos de nossos produtos. Não preciso ir muito longe não. Só pensar na Embraer. Seu principal mercado é o americano, com mais de 60% das vendas de seus jatos executivos indo pros EUA. Fora os aviões comerciais. Do mesmo jeito, todos as demais exportadoras vão sofrer.
No Canadá, a criação de 25% de tarifas gerou uma reação impressionante. Também pudera. 85% das exportações do país somente cruzam a fronteira em direção ao sul. No caminho contrário, 15% das importações vêm dos Isteites. Ou seja, o efeito do novo imposto é sentido em cada esquina, com a economia tendo que se readaptar fortemente.
As lojas retiraram os produtos americanos das gôndolas. É dos EUA? Fora. E força pro produto "Made in Canadá". Todos os supermercados, lojas de departamento e shoppings colocam cartazes e mais cartazes reforçando sua posição a favor dos produtos locais. Com frases como "Orgulhosamente Canadense", "Operado por canadenses".
O interessante é ver as reações na imprensa local. Os analistas falam da certa acomodação que os exportadores locais têm. Era só produzir e enviar pro outro lado da cerca. Agora, sugerem ir atrás da China e de países europeus. Diversificar a cesta de clientes, pra não ficarem tão dependentes. Nesse ponto, vantagem para o Brasil. Apesar dos EUA serem o segundo maior destino das exportações, só correspondem a 11% do total. Menos mal.
A grande questão é que tratados de exportação não acontecem de um dia pra outro. Trump quer, com suas barreiras alfandegárias, forçar a produção dentro do seu país. Trazer novas empresas e novos empregos. Resta pras empresas ou se adaptar, ou buscar novos mercados.
Independente do final da história, esse renascer do nacionalismo canadense mostra um caminho que talvez o Brasil possa trilhar. A questão é direcionar forças e incentivos. E isso, só o governo pode fazer.