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Não tinha 24 horas que eu havia visitado a Sala de Controle Aéreo da Gol, quando fiquei sabendo da notícia da queda do avião da AirIndia.

15/06/2025
Postado por: Murilo Moreno

Só conseguia pensar no desespero que todos os cinquenta controladores devem sentir num momento como esse. E como a aviação é o maior exemplo de planejamento dos nossos dias.

A gente vive culpando as companhias pelos atrasos e falando que os voos cancelados de última hora são para economizar alguns reais. Depois que entende a complexidade que é administrar, 24 horas por dia, uma frota no ar, deslocando as tripulações para estarem nos aeroportos certos na hora certa e coordenando as equipes de manutenção, passamos a ter um pouco mais de empatia com as empresas.

Tem muita gente que diz que controlar os voos é como um quebra-cabeça. Prefiro pensar que se parece mais com um prédio de brinquedo formado de blocos de Lego. Você quer tirar uma peça, mas se não tiver cuidado, o prédio todo cai. Não dá pra cancelar um voo só pra economizar, se dentro dele tem carga a transportar ou parte da tripulação de outro voo. Simples assim.

Ensino planejamento há muito tempo, na ESPM. E falo de estratégia, objetivos de curto, médio e longo prazo, e outros tantos conceitos. Aí entro nessa sala e vejo um exemplo real de como os objetivos e KPI's (os indicadores de performance) podem mudar de minuto a minuto e tornar complexo o que na teoria é simples.

Na Sala de Controle da Gol, tem gente olhando separadamente cada detalhe. A manutenção, a tripulação, os horários, as condições climáticas. E todas a informações são cruzadas para que alguém decida aquele voo que vai atrasar, ou ser cancelado, pra fazer todos os demais voltarem a condição mais próxima à inicialmente planejada.

Não escondo que fiquei maravilhado. Mas tenho certeza que, quando meu próximo voo se atrasar, vou continuar reclamando e xingando. Um pouco menos, mas vou. Afinal, mesmo que eu saiba que tem uma razão importante praquele atraso, ainda sou feito de carne e osso...

 

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Postado por: Murilo Moreno
Entro no elevador da firma e vejo uma propaganda na tela da Eletromídia.

"Compre dois pneus e concorra a um par de ingressos para a Fórmula1". Promoção super adequada, pois a fabricante é fornecedora oficial em todas as corridas. Já me vejo sentado na arquibancada, torcendo para que a próxima ultrapassagem seja na minha frente...

Acordo do sonho quando leio direito: "... dois pneus ou mais a partir do aro 17". Como assim só para os consumidores que tenham carros com pneus maiores? Eles são mais importantes? A empresa não gosta dos donos de carros populares? Meu Fiat 500 acabou de ficar mais alguns quilômetros com os pisantes que está usando.

Vamos lembrar um pequeno detalhe. Os especialistas estimam que 70 a 80% do mercado de pneus brasileiro é de pneus de aro 16 ou menor. Esse é o perfil de nossa frota e, coincidentemente, onde existem as maiores brigas de preço e uma crescente invasão de marcas chinesas. Se for verdade, a promoção fala para 3 em cada 10 compradores. Os outros são...os outros. Os esquecidos.

Considerando que os ingressos serão sorteados, e que mesmo que tenha mais participantes, então o número de premiados será sempre o mesmo, a empresa perdeu a chance de incentivar todo tipo de vendas, talvez por questões internas. Vejo dois gerentes conversando:

- Vou fazer uma promoção. Sortear ingressos da F1 para os clientes, diz o gerente de pneus aro 17 ou maiores. Quer participar?
- Não dá, responde o responsável pelas vendas dos pneus aro 16 ou menores. Não tenho verba, a briga por preço é muito grande e não tenho dinheiro pra isso...

Só que, na ponta, o que está sendo transmitido para o cliente é que ele não vale o mesmo pra empresa. Não é a necessidade dele que importa, mas o dinheiro que deixa na mesa.

As empresas dizem que o consumidor é o centro das decisões. Isso é uma ilusão. O mais importante é, e sempre será, o lucro, no final das contas.

 

Fonte da imagem: ChatGPT

14/06/2025
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Postado por: Murilo Moreno
Só tem um jeito de você não saber quem é Marisa Maiô.

Já ter embarcado no foguete do Elon Musk e ter ido pra Marte. A apresentadora virou um sucesso de um dia para o outro, por conta do seu humor e sua irreverência. Ou será que a fama veio de ser somente uma personagem criada em Inteligência Artificial? De todo modo, ela expôs, ainda mais, o que vem por aí . A partir de agora, a diferença entre o mundo real e o digital vai ser cada vez menos perceptível.

Se você assistiu algum dos vídeos, deve ter percebido que o que assusta é o realismo das imagens. O autor, o carioca Raony Phillips, juntou pequenos vídeos de 8 segundos, o máximo que a IA do Google por enquanto gera, e construiu o programa dessa apresentadora gorda, que se apresenta vestida de maiô e que tem tiradas sarcásticas nas suas entrevistas.

Então temos um humano, de carne e osso, criando um personagem digital, que tem um tom de humor que reflete suas escolhas. Onde está o sucesso? No personagem ser criado por computadores? Ou na linguagem ácida? A recriação da personagem no programa da TV Bandeirantes, que pegou uma atriz e a vestiu como a IA, mostra que sem o humor politicamente incorreto, a fórmula não funciona.

De todo modo, é importante pensar no que representam esses oito segundos de vídeo quase reais. Como ainda estamos na pré-história da IA, podemos prever que fazer filmes longos com personagens irreais vai ser comum em poucos anos. Vamos ter o "efeito The Simpsons". O desenho animado tem 35 anos e até hoje o Bart vive com os pais. Nunca envelhece. A diferença é que tudo será em "carne e osso" digital.

Marisa Maiô correu pra virar influencer e passou a anunciar pro comércio. Fez merchandising pra Magalu e OLX. Se não tomar cuidado, daqui a pouco estará mais rodada do que o Luciano Huck. O que ninguém está falando é que quanto mais fácil fica criar conteúdo, mas difícil está se tornando se diferenciar no mercado. As duas varejistas usaram o hit do momento. Mas não tem nada mais igual do que fazer campanha com um personagem que sempre age e fala do mesmo jeito. Anunciando perfume ou carro.

Ganha Marisa Maiô. Perdem os anunciantes...

 

Fonte da imagem: Youtube

13/06/2025
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Postado por: Tai Kawasaki
Essa semana a nossa consultoria visitou a Gol com um cliente onde fomos recebidos com muito carinho.

Fizemos um tour pelas instalações onde conhecemos, dentre outras áreas, o Centro de Operações onde controlam todos os voos. A sala é super tecnológica, funciona 24 horas por dia, tem profissionais experientes e altamente qualificados.

Agora vou viajar ainda mais tranquilo, pois esse Centro transmite segurança e confiança e mostra a preocupação da Gol em atender com excelência e profissionalismo.

A GOL, após reestruturação estratégica, busca um crescimento consciente e próspero, com internacionalização e diversificação, caixa robusto e frota moderna.

Parabéns aos amigos Rafael de Operações e Patrícia de Marketing. Sucesso!

12/06/2025
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Postado por: Murilo Moreno
Sete horas da manhã, chego num hotel para me encontrar com um cliente da minha consultoria.

Ninguém ao lado do balcão externo, resolvo eu mesmo entrar no estacionamento com meu Fiat 500. Paro em frente a uma placa de "Deixe aqui o carro" e espero o manobrista. Lá vem ele, depois de alguns minutos, andando sem pressa, e me pergunta:

- É avulso?
- Vim buscar um hóspede...
- Não temos vagas para avulsos...
- Só vou pegar um hóspede...
- Não temos vagas para avulsos, repete e se vira falando: manobre o carro e saia...

Acho estranho, pego o carro e volto pra porta do hotel a tempo de vê-lo chegando no balcão. Estaciono o carro na frente dele, saio, tranco e entro pra recepção. Ele vem atrás de mim. Bufando, pede a chave e me entrega o recibo de entrada... não entendo nada...

Na hora, me passa na cabeça: qual a razão de ser de um estacionamento num hotel a não ser atender as necessidades dos hóspedes? Olho pro uniforme do manobrista e começo a entender. O serviço é terceirizado. E é aí que começam os problemas.

Cada uma das empresas tem um objetivo. O hotel ganha dinheiro com ocupação dos quartos e venda de serviços para hóspedes. A administradora do estacionamento, com o maior uso das vagas disponíveis. Para o hotel, vaga vazia significa poder atender a necessidade de um novo hóspede, a qualquer momento. Para o estacionamento, é faturamento perdido. O lucro máximo de uma significa a piora do serviço da outra.

Com certeza, um certo dia, o hotel pensou: se eu terceirizar o estacionamento, vou ganhar mais dinheiro, pois vou acabar com a ociosidade, com as vagas vazias o dia inteiro. Deve até ter combinado as regras do jogo. Mas, no dia a dia, isso vai sendo esquecido e, no final, o consumidor acaba sendo deixado de lado. A falta de vagas para avulsos não é um problema para o manobrista. Ele só sabe que está lotado e pronto!

O bichinho de marketing que existe dentro de mim me faz uma pergunta: quantas vezes a gente terceiriza o atendimento dos nossos clientes para outras empresas e damos um tiro no pé? Como gosto de dizer, melhor forma de saber é usando nosso próprio produto ou serviço.

Pago vinte reais por pouco mais de uma hora de estacionamento. Digo pro meu cliente ficar em outro lugar, da próxima vez, e fico pensando: esse é o lucro mais caro que o hotel poderia ter...

 

Fonte da imagem: ChatGPT

12/06/2025
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