Se você não sabe quem é, não se assuste. Apesar de ser a maior rede de fast-food do mundo, quase ninguém conhece. E por isso mesmo, isso é muito preocupante. Seus executivos aproveitaram a visita do presidente Lula à China pra anunciar que vão abrir suas primeiras lojas em Terras Brasilis. Pra isso, separaram R$ 3,2 bilhões. Um trocado.
A empresa tem menos de 30 anos e já tem mais lojas do que cDonalds ou Starbucks. Só que, dos 45 mil pontos que possuem, mais de 41 mil estão na China. As quatro mil restantes estão em 11 países da região da Ásia. Dá pra falar que são uma franquia muito local. E que ainda estão engatinhando.
O produto é simples: raspadinhas de gelo. Quer dizer, foi, quando apareceu. Hoje, tem sorvete e até café. E preço muito, muito baixo. Tanto que, mesmo tendo cinco mil lojas a mais do que Starbucks, seu faturamento total continua menor.
Apesar de serem franquia, o dinheiro vem da venda de insumos para os franqueados. Ganham na venda de embalagens, de preparados, tudo, menos de taxas. E por isso conseguem uma expansão tão rápida.
Ela representa uma nova invasão chinesa. Do mesmo jeito que no mercado automotivo e de celulares existiram as primeiras empresas que vieram e desbravaram nosso país, sua chegada pode ser a ponta de lança de franquias de alimentos ocupando espaços em nosso país. E o que não faltam são franqueadoras chinesas prontas pra se expandir. Só na China existem 660 mil lojas de bebidas ao estilo da Mixue, conforme a consultoria China Insights. E outras quatro grandes redes, juntas com ela, dominam 35% do mercado.
A gente já tem o maior número de restaurantes de comida chinesa, fora da China. Agora, em pouco tempo, podemos ser o país com o maior número de franquias daquele país. Daqui a pouco, estaremos aprendendo mandarim nas escolas...
Vamos ter que esperar transporte. Tô cansado, mas tudo bem, quando vejo o ônibus que veio nos buscar. É um dos novos modelos elétricos que a hashtag#Aena botou pra rodar. O bichinho de marketing que vive dentro de mim não dá tempo pra nenhum outro passageiro. Ele me obriga a ficar do lado do motorista e as perguntas começam.
André, o motorista, me diz que roda dois dias com uma carga. São 240 quilômetros reabastecidos em carregadores de 380kw, três vezes mais potentes do que a energia que chega em nossas casas. Faço os cálculos rapidamente pra chegar em 40 e poucos mil quilômetros por ano. Seriam 12 mil litros de diesel a menos, deixando de emitir 37 toneladas de CO2. Ou 300 árvores plantadas para neutralizar toda essa emissão.
Vejo a marca e já desconfio. Deve ser chinesa. Acertei, se chama Higer, trazidos para nossas terras por uma empresa de nome Tvex. Em termos de tecnologia embarcada não deixa nada a desejar. O painel é todo digital e, entre outras coisas, a suspensão eletrônica compensa a inclinação da carroceria nas curvas.
Olhando pro painel e vendo a empolgação do motorista, vejo que a solução é apaixonante. Sem barulho, sem vibrações, o dia a dia do André deve ter se tornado mais tranquilo. Como ele roda num circuito pequeno e fechado, não existe o risco de ser atacado pela hashtag#Rangefobia, aquele medo de ficar parado no meio do nada, sem energia e lugar pra reabastecer.
Saio convencido que a opção elétrica já é uma realidade. A indústria do petróleo pode até fazer lobby, lutar contra. Mas um pedaço do mercado já não lhe pertence mais. A única tristeza é ver que, mais uma vez, nossa indústria automobilística fica pra trás na inovação .
Melhor aprender mandarim.
Quando ouvi a respeito da promoção do Antonio Filosa pra CEO mundial da Stellantis, não consegui deixar de pensar no Pablo Di Si, ex-presidente da Volkswagen no Brasil. Como dizia o personagem de humor Joseph Climber, a vida é uma caixinha de surpresas.
Os dois tiveram carreiras paralelas até chegarem nos Isteites. Pablo em 2022, Antônio, em 2023. Até escrevi sobre o que poderia acontecer entre os dois e suas empresas (CLIQUE AQUI), prevendo uma competição que acabou não acontecendo. De Si foi demitido. Filosa alcança, agora, o cargo máximo da sua empresa.
Não tenho competência nem informações para julgar a carreira de ambos. O que se ouviu na época da saída do presidente da Volks é que ele havia apostado muito nos elétricos. E os resultados não haviam vindo. Mas, para mim, parece pouco para jogar fora um talento como ele é.
Por outro lado, a carreira de Filosa mostra que realmente ele merece ir pra onde foi indicado. No Brasil, retomou a liderança pra Fiat e consolidou a fusão PSA e FCA. Nos Estados Unidos, foi o todo poderoso da Jeep e passou a lidar com todas as dificuldades que a marca tem sofrido, com altos estoques e longas discussões com a rede, depois que virou o COO.
Pensando bem, este post é sobre como as carreiras são feitas de trabalho, competência e... sorte. Estar na empresa certa no momento certo impulsiona o futuro profissional. Contar com acertos e erros de outras pessoas, sejam concorrentes ou até colegas de trabalho, também.
No fundo, carreiras são fruto de estratégias bem elaboradas, mas sim de diversos acasos da vida. Como dizem, não podemos controlar o que acontece com a gente, mas podemos controlar o que fazemos com o que acontece com a gente.
Filosa mereceu sua promoção. Espero que Pablo ainda volte pro jogo.
Fonte da imagem: Divulgação
Querem fazer tudo diferente. E isso é muito bom pra certas empresas.
Só isso pra explicar o primeiro lugar do Burger King no estudo Kantar Brand Footprint entre o que eles chamam de Quick Service Restaurants e nós, simples mortais, chamamos de fastfood. Mas peraí... BK está na frente do Méqui somente entre os hashtag#consumidores das Gerações Alpha e Z, ou seja, dos que nasceram depois de 1997.
Isso não é pouca coisa. Garantir a preferência daqueles que estão começando a consumir (e a decidir onde gastar) é fundamental pra quem quer ter vida longa. BK mirando os espinhudos, coloca a líder de vendas contra a parede.
A comunicação da empresa tem a inquietude de quem está se descobrindo na vida. Não concorda com nada, faz crítica a tudo, provoca o concorrente e tem um humor mordaz. Com isso, fala com o adolescente, que quer tudo, menos o que os pais falarem pra fazer. É pra arrumar a cama? Deixam pra lá. Comer de boca fechada? Nem pensar. "O mundo vai ser do meu jeito!" Esse é o lema, e BK pegou a vibe.
Por outro lado, Méqui é a opção infantil que os pais amam. Aliás, eles cresceram num mundo sem BK e por isso adoram os arcos dourados. O filho vai, sorridente, atrás do McLanche Feliz até o dia em que o vírus da adolescência o contamina. E só vai se curar quando, mais velho, tiver filhos. Se curar...
Méqui até tenta falar com esse público. A campanha do Mequizice é uma tentativa. Só que é uma comunicação de velhos usando uma linguagem jovem. Nada contra. Mas longe de dar sandubas de graça pros carecas, ou de se associar com o Nubank. Isso, só BK.
Estamos tendo, de graça, mais uma aula de marketing ao vivo. Duvido que Méqui vai ficar quieto vendo toda essa movimentação. Sorte que a diretoria de marketing do BK, com a saída de Igor Puga, está vaga. É tempo pra ela virar os canhões e buscar acertar o público que está perdendo.
Já pedi o meu delivery, pra assistir sentado na poltroninha.
Podemos dizer que essa disputa não é de hoje.
Nos anos 1990, a VW era líder e a FIAT estava brigando para tirar esse posto.
Agora, mais de trinta anos depois, a VW acabou de lançar o TERA com um preço super atraente de R$ 99.990,00, mas uma semana depois a FIAT ajusta o preço do PULSE para R$ 98.990,00.
Eles querem ou não disputar a liderança de mercado? É uma questão de ego ou de sobrevivência?
Nessa batalha, pouco importa quem vence — quem sai ganhando é o cliente, com opções cada vez mais modernas e preços mais competitivos.
Que a briga continue e aumente as opções para os consumidores! Boas compras!